Ultimate Marvel Vs. Capcom 3

Ultimate Marvel Vs. Capcom 3 pode ser definido como uma atualização do game anterior, Marvel Vs. Capcom 3: Fate of Two Worlds. Lançado em 15 de novembro de 2011, exatos nove meses após o antecessor, o título veio com a missão de tornar ainda melhor a jogabilidade já frenética do game original. Para isso, a Capcom contou com 12 novos personagens, cenários inéditos e uma série de modificações no balanceamento dos lutadores antigos.

Para os fãs de Resident Evil, Ultimate Marvel Vs. Capcom 3 é especial por contar com três personagens da franquia entre os lutadores principais, total que é levado a quatro caso o DLC também seja incluído na conta. Chris, Jill e Wesker, já veteranos da versão original, agora são acompanhados de Nemesis, um dos protagonistas inéditos.

A quantidade de mudanças, porém, também gerou controvérsia entre os fãs. Por que não lançar as novidades por meio de um DLC, uma alternativa muito mais barata e acessível? A solução já havia sido experimentada antes, com Super Street Fighter IV Arcade Edition e, para os fãs não havia motivos para não repeti-la. A pergunta que ficou é: será que Ultimate Marvel Vs. Capcom 3 ainda vale a pena?

O jogaço de sempre

Marvel Vs. Capcom 3 é, sem dúvida nenhuma, um dos melhores games de luta dessa geração. Não é a toa que ele faz parte de campeonatos renomados, como o Evo, e possui uma comunidade de fãs única. Tais aspectos se relacionam, principalmente, ao fato do game ser completamente diferente de Street Fighter IV e outros games de luta tradicionais.

Aqui, ao contrário dos games antecessores da franquia, a utilização de combinações com socos e chutes fracos, médios e fortes foi abolida. No lugar, entraram ataques simples, divididos em três níveis de intensidade, e botões superiores para realização de ataques especiais e assistências. Assim, os personagens poderiam atacar normalmente com armas e se tornaram muito mais autênticos aos games e gibis que os originaram.

A mudança nos controles também renovou a saga de forma muito positiva. Marvel Vs. Capcom 3 se tornou um game muito mais frenético que o seu antecessor, com explosões, golpes e disparos varrendo a tela de ponta a ponta. A batalha ocorre, literalmente, o tempo todo e pode envolver até mesmo seis lutadores executando golpes ao mesmo tempo. Quando a tela é inundada por raios de energia e poderes multicoloridos, é impossível não ficar impressionado

Tudo isso está presente também em Ultimate Marvel Vs. Capcom 3. No novo game, alguns personagens sofreram alterações de balanceamento de forma a se encaixarem melhor nos grupos. Wesker, por exemplo, aparece mais lento que no game original, enquanto Wolverine está ainda mais feroz. E estes são apenas dois exemplos de inúmeras alterações que apenas os jogadores mais avançados devem perceber.

Inimigos lutando lado a lado

O novo game deixa de lado a maneira caricata de retratar os personagens utilizadas pelo antecessor. Isso significa que os personagens, como já dissemos, agem de forma muito mais fiel aos games e gibis que os originaram. Trocando em miúdos, não teremos Jill chamando zumbis e Tyrants como em Marvel Vs. Capcom 2, e sim, a veremos atacando com golpes idênticos aos usados em Resident Evil 5. Cenários inspirados no quinto jogo da série também marcam presença.

O mesmo vale para Wesker, que utiliza sua força e agilidade para atacar, e Chris, que compensa a ausência de poderes com um grande uso de armas e explosivos. Já o novato Nemesis confia em toda a sua força (e nos tentáculos) para acabar com os oponentes de forma extremamente violenta. Justamente por isso, o monstro acabou se tornando um dos personagens mais “apelões” da versão Ultimate.

Jill e Wesker também estão entre os melhores lutadores do game, e são boas escolhas para os mais diferentes tipos de jogador. A fidelidade dos personagens e, principalmente, a qualidade deles em combate tornam Ultimate Marvel Vs. Capcom 3 uma pedida certa para os fãs de Resident Evil que também são amantes dos jogos de luta. Agora, é possível unir as duas coisas e criar um trio matador apenas com personagens da franquia.

Arte rica (e meio estranha)

Marvel Vs. Capcom 3 já primava pelos gráficos multicoloridos e muito bonitos, além dos cenários lotados de referências e elementos vivos, que interagem durante todo o tempo. Na versão Ultimate, tal aspecto aparece ainda melhor, com tons ainda mais fortes e arenas inéditas, que usam e abusam dos efeitos de iluminação.

Um sério problema da versão original, porém, persiste na nova edição. É difícil não ficar incomodado com a bizarrice de alguns desenhos que, em certos momentos, surgem incrivelmente mal feitos. Esse tipo de coisa não existe durante as batalhas, mas aparece com força durante as telas de loading ou após as batalhas, quando closes dos personagens são exibidos. Ao olhar para a imagem ao lado, é praticamente impossível não perceber que há algo errado com a aparência de Jill, e o mesmo vale para diversos outros lutadores do título.

O DLC mais caro do ano

Empresto o título da análise do amigo Durval Ramos, que escreve para o Baixaki Jogos, por acreditar que não existe melhor definição para Ultimate Marvel Vs. Capcom 3. São poucas as novidades que realmente justificam o relançamento do game em formato físico, ao mesmo tempo em que a sobrevivência de problemas da edição original são mais uma amostra de que uma edição desse tipo não tem razão de existir.

Uma das principais críticas em relação ao game original era que havia muito pouco a ser explorado. Marvel Vs. Capcom 3 contava, simplesmente, com os modos Arcade e Versus além de algumas missões em que o objetivo era acertar uma determinada sequência de comandos. Nesse sentido, não há adição alguma por parte da desenvolvedora e, uma vez que o modo offline é completado com todos os personagens, há pouco incentivo para que o jogador continue no modo offline.

O modo Galactus, uma novidade que pode agradar àqueles que já são fãs do game original, acaba sendo uma decepção gigantesca. Os controles do Devorador de Mundos são precários e os ataques apoteóticos do chefão fazem com que a resposta dos controles seja extremamente lenta. Ainda, o extra é incrivelmente fácil e não apresenta desafio algum.

Por fim, o motivo da principal polêmica em relação ao game: apenas 12 personagens inéditos não justificam o lançamento de um novo título físico, principalmente quando pelo menos metade dos estreantes são pouco representativos ou bem esquisitos para um game de luta. Ultimate Marvel Vs. Capcom 3, se lançado como DLC, seria uma perfeita edição a um game já épico. Sua chegada às lojas em disco, porém, é uma prova de que os executivos da Capcom estão ficando cada vez mais gananciosos.

Comprar ou não, eis a questão.

A decisão de adquirir ou não Ultimate Marvel Vs. Capcom 3 depende de uma série de fatores. Se você já é fanático pelo game de luta, as novidades são extremamente bem vindas, seja você um dono ou não do título original. Para os jogadores casuais do gênero, porém, a compra da nova versão só é recomendada caso o usuário já não possua o título anterior.

A lógica é mais ou menos a mesma para os fãs de Resident Evil. A adição de Nemesis e de um novo cenário — que na verdade é uma versão alternativa do laboratório da Tricell já existente no game original — não justifica a aquisição de Ultimate Marvel Vs. Capcom 3 para quem já possui a versão “normal”. Caso contrário, esta talvez seja a hora de embarcar com tudo nessa frenética batalha.

Por fim, Ultimate Marvel Vs. Capcom 3 ainda é um grande jogo, que dá uma nova direção a games de luta e quebra diversos paradigmas do gênero. Por outro lado, é também um grande “caça-níquel”, como costumam dizer, e parte de uma estratégia que visa o lucro acima da relevância. É uma pena, pois tais novidades, se lançadas com um tratamento diferente, cairiam como uma luva sobre um título ótimo.

Fonte da imagem de destaque principal:

• SteamMachine – UOL Jogos