Resident Evil Archives II

Resident Evil Archives pode ser considerado uma verdadeira enciclopédia sobre a franquia da Capcom. A série, que ganhou segundo volume no final do ano passado, detalha os fatos ocorridos em diversos games da saga e traz descrições completas de personagens, inimigos e organizações, permeadas com muitas imagens e uma diagramação muito bonita.

Ao contrário do que se imaginava antes do lançamento, Resident Evil Archives II não é uma versão atualizada da original e aborda apenas os jogos lançados a partir de Resident Evil 4. Ou seja, estão lá o quarto e quinto games da série, além dos dois Chronicles e também o longa de animação RE: Degeneração. Os dois títulos da série central são o principal assunto das 240 páginas da publicação.

Completo, mas superficial

A concentração apenas nos títulos mais recentes, que deveria ser a principal força de Resident Evil Archives II, acaba sendo sua principal desvantagem. Por ser um segundo volume, a Capcom preferiu ser breve nas descrições de personagens e inimigos que já apareciam no primeiro. Para quem possui apenas esta edição, o resultado informativo acaba sendo capenga.

Nada fica de fora, mas os resumos sobre alguns elementos importantes acabaram negligenciados. Os perfis de personagens principais, como Leon Kennedy ou Chris Redfield, aparecem apenas em duas páginas, contra três ou quatro no primeiro Resident Evil Archives. Monstros clássicos nem chegam a aparecer, apesar de estarem presentes em jogos abordados pelo livro.

Os textos de descrição também não apresentam a mesma qualidade e profundidade do antecessor. Em vez de se focar em resolver pontas soltas sobre personagens ou situações, ou acrescentar novas informações, Resident Evil Archives II prefere repetir aquilo que todo mundo já sabe sobre os personagens ou fazer uma descrição textual das roupas de Ashley Graham, por exemplo.

Não dá para dizer que o livro não tem o que acrescentar. Ficamos sabendo pequenas curiosidades sobre os personagens – como as personalizações que Ada faz em suas roupas ou o fato de Salazar ter sido manipulado por Osmund Saddler desde a infância. Nem de longe, porém, temos a mesma profundidade de informações do primeiro Archives, que resolveu o mistério da participação de Billy nos crimes pelos quais ele foi acusado e fixou o número de mísseis que destruíram Raccoon City.

O oposto dessa superficialidade, porém, pode ser encontrado na seção dedicada a organizações, incidentes e outros eventos. Apesar de conter poucas informações novas, o segmento é bastante completo e organiza diversas informações de maneira concisa. A Terceira Organização pode não ter sido revelada em Resident Evil Archives II, mas, pelo menos, tem todas as suas informações reunidas em um único lugar.

Vale a pena citar também que Resident Evil: Degeneração, além dos games da série Chronicles, são negligenciados a uma sessão de extras no final do livro. No caso dos games do Wii, apenas os cenários inéditos (Umbrella’s End / Dark Legacy e Operation Javier) são abordados e as descrições de personagens e inimigos são ainda mais breves.

Imagens que falam muito

Ao contrário do primeiro livro, que confiava quase que completamente no conteúdo de texto para conquistar os leitores, Resident Evil Archives II tem o visual como grande apelo. Lotado de imagens de ótima qualidade e com uma impressão refinada, o livro reúne as principais artworks de cada personagem, bem como belas capturas de tela dos próprios games.

A publicação conta também com uma ótima galeria de conceitos de Resident Evil 4 e 5. Ali, é possível ver esboços originais dos personagens e inimigos, além de observar versões alternativas de cada um deles e ideias que foram descartadas durante o desenvolvimento. A maioria das imagens vêm acompanhada de descrições que revelam mais sobre o que os produtores estavam pensando.

Grandes tabelas, que precedem as seções dedicadas à trama dos games, servem como um resumo visual das relações entre personagens. Por meio de organogramas, é possível observar a participação de cada integrante na trama e descobrir rapidamente seu status. Tais trechos podem servir como uma referência rápida para quem precisa de informações pontuais.

Impressão melhorada, problemas repetidos

Em relação ao primeiro Resident Evil Archives, o segundo volume apresenta uma melhora notável na impressão e diagramação de suas páginas. Utilizando o mesmo tipo de papel que no antecessor, a editora BradyGames entrega aos fãs páginas muito mais brilhantes e com imagens mais definidas.

O livro, porém, apresenta um grave problema que já existia no anterior. Com o uso constante, as páginas podem acabar se soltando do miolo, que acaba ficando enrugado e amassado de tanto ser manipulado. O defeito não deveria existir em uma obra que tem como intuito servir como um livro de referência aos fãs. Caso você queira fazer uso constante de Resident Evil Archives II, é melhor comprar duas cópias.

Erros de tradução e digitação também podem ser encontrados pelas páginas. Apesar de não serem tão constantes nem graves como os da primeira edição – que chegou a afirmar, em uma tabela de relações, que Rebecca havia morrido durante o incidente em Raccoon City – eles estão presentes e mostram que a BradyGames não teve tanto cuidado assim no trabalho.

Um item valioso

Apesar de seus diversos atrasos e problemas, Resident Evil Archives II é um trabalho que vale a pena ser conferido. Talvez não tanto quanto o primeiro, mas ainda assim, digno de nota. E o melhor de tudo: não pesa no bolso, já que tem preço tabelado em US$ 29,99 (cerca de R$ 51), menos do que muitos lançamentos do mercado brasileiro.

Se você procura se inteirar sobre os capítulos mais recentes da trama ou quer ter um livro ao qual se referir em caso de dúvidas (desde que elas não exijam detalhes), Resident Evil Archives II é compra certa. Principalmente se você já possuir o primeiro livro. Caso você seja preciosista e queira minuciar a franquia, é melhor continuar pesquisando na internet.

Fonte das imagens

• Crimson Head Elder