Resident Evil: Revelations

Publicado em 14/02/2012, por Felipe Demartini - Jogos 41

9 Nota

Visual/Áudio: 8/10

Jogabilidade: 9/10

Trama: 9/10

O terror está de volta | Os melhores gráficos já vistos em um portátil | Enredo rico | Boas adições à jogabilidade

Baixa qualidade de vídeo nas cenas de corte | Inimigos pouco interessantes | Trama fragmentada

Conheça nossos critérios de análise

Com Resident Evil: Revelations, a Capcom quer atender aos pedidos dos fãs. Desde 2005, com a chegada do quarto capítulo da franquia e sua total revitalização, os aficionados pela saga pediam um título com maior foco no horror e elementos de suspense, aspectos que, para muitos, eram a razão do sucesso da franquia. Foram necessários sete anos para que, finalmente, estes desejos fossem atendidos.

O game, ~~exclusivo para o Nintendo 3DS~~, não apenas cumpre o que promete, como o faz apoiado em dois dos protagonistas mais queridos da série: Chris e Jill. Afinal de contas, nada melhor do que trazer a dupla de personagens do primeiro título da franquia para selar aquilo que seria um retorno ao Resident Evil “de raiz”.

A Capcom cumpriu o que prometeu. Revelations é, sem dúvida, um dos melhores jogos da série.

Trema de medo

Resident Evil: Revelations vai te deixar tenso, talvez como poucas vezes a série te deixou. A sensação, durante todo o game, é de nunca estar seguro. Nenhuma sala é protegida o bastante contra a ação de monstros capazes de se arrastarem por tubos de ventilação e nenhum local está 100% livre de ameaça.

Durante todo o tempo, o jogador se sentirá ameaçado. Seja pela imponente trilha sonora, que pontua os momentos de ação e deixa assustadores os de calmaria. Ou pela falta de munição, que é preciosa e deve ser conservada a qualquer custo. Ou ainda, pela ação de monstros que aparecem de diversas formas e sempre surpreendem com seus ataques.

Muitas vezes, correr será melhor do que atirar. Em outras, combater será sua última opção, e você atirará rezando para que as balas parem o monstro antes dele chegar até você. Cada esquina do Queen Zenobia esconde uma ameaça diferente e o clima de tensão permanece durante todo o game, mesmo nas áreas abertas e em cenários claros.

Outras pequenas referências aos jogos antigos também estão presentes e devem encher os olhos dos fãs mais saudosistas. Temos baús – que aqui servem para gerenciar upgrades nas armas –, loadings que acontecem quando os personagens passam por uma porta e alto potencial para que algumas falas dos protagonistas se transformem em pérolas. Afinal de contas, nunca é bom deixar a calcinha térmica em casa.

Mesmo tendo o terror como foco principal, a Capcom não se esqueceu daqueles que preferem o novo estilo de Resident Evil. Os trechos no navio são alternados com momentos de muita ação, que ocorrem em Terragrigia ou nas montanhas da Finlândia. Tais capítulos também adicionam uma variedade ao título e impedem que ele fique monótono e estagnado.

Uma bela colcha de retalhos

Resident Evil: Revelations não faz feio quando o assunto é o enredo. A elaborada trama envolve diversos personagens e situações, com cenas em flashback e acontecimentos simultâneos em diversas partes do mundo. Cada personagem tem um papel bem específico e contribui de forma essencial à história, que forma um pacote extremamente interessante.

A história de Jill e Parker é apenas a ponta do iceberg de um roteiro que envolve intrigas governamentais e uma ameaça terrorista como nunca vista na franquia. Comentar mais do que isso seria estragar o enredo, que alterna entre diversas situações rapidamente, com a ajuda do formato episódico do game.

Por outro lado, essa mesma característica também é responsável por uma das principais falhas do enredo. Os capítulos curtos, condensados de forma perfeita para o portátil, deixa a trama extremamente fragmentada. Quando se fala de um título lotado de reviravoltas e revelações, esse aspecto pode deixar os jogadores bem confusos.

Belíssimos visuais na palma da mão

O fato de Resident Evil: Revelations ter sido lançado para um console portátil não significa simplicidade no visual. Pelo contrário, os corredores do Queen Zenobia estão entre os cenários mais detalhados de toda a franquia e os gráficos do game impressionam mesmo quando o 3D está ligado no máximo.

Os modelos de personagens também são muito bem trabalhados, com diversos acessórios e elementos bem característicos de seu portador. Não dá para dizer que o título apresenta visuais semelhantes aos que vemos nos consoles de mesa, mas, sem dúvida alguma, temos o título mais bonito do Nintendo 3DS.

Os inimigos, porém, não apresentam tanto cuidado. Os monstros comuns criados pelo T-Abyss normalmente se resumem a massas brancas com forma humanoide, sem muitos detalhes ou traços realmente chamativos. Mesmo quando aparecem em formas diferentes, todos são praticamente iguais e não saltam aos olhos como os zumbis ou Lickers, por exemplo.

As cenas de corte, apesar de também serem um show à parte, mostram o alto custo cobrado por um game que se propõe a trazer gráficos tão belos em um portátil. Os vídeos apresentam cores chapadas e muitos fragmentos de compressão, resultado do processo de torna-los compactos o bastante para que coubessem no cartucho.

Grandes pequenas novidades

Uma série de adições à jogabilidade também tornam Resident Evil: Revelations muito mais acessível e adequado ao Nintendo 3DS. Agora, é possível usar armas secundárias e itens de cura apenas com o toque de um botão. O inventário também foi simplificado e todas as informações importantes estão bem à vista do jogador na touchscreen do Nintendo 3DS.

O Genesis Scanner, uma das grandes novidades do título, também serve para diminuir o ritmo do game e permitir que o jogador aprecie cada canto dos cenários. Sua utilização é imprescindível, já que a munição espalhada pelas áreas não é suficiente para dar cabo dos inimigos. Cada item localizado, então, pode representar sua salvação em um combate contra os monstros.

Em baús espalhados pelo game, é possível gerenciar a utilização de upgrades encontrados durante a aventura e melhorar diversos atributos das armas. O processo é simples e objetivo e não exige mais do que alguns minutos para ser realizado. A novidade também permite que o jogador adapte o inventário a seu próprio estilo e parta para os combates usando equipamentos com os quais se sente mais confortável.

Resident Evil: Revelations deixa de lado o modo Mercenaries e introduz o Raid Mode, uma adição extremamente bem vinda. Sem a ação frenética do extra tradicional, o game abre espaço para a estratégia e para tipos ainda mais variados de inimigos, que podem aparecer mais poderosos ou rápidos que as versões comuns. Apesar da rapidez e precisão ainda serem necessárias, a novidade apresenta mais possibilidades que o clássico modo.

Em um game que tem como principal proposta trazer de volta o velho horror e as tradições da franquia, é estranho notar que um aspecto em particular é responsável por um movimento no sentido inverso. Não vamos entregar spoilers, apenas dizer que um dos inimigos mais importantes do game também apresenta um dos piores designs de toda a franquia, além de “poderes” que fogem completamente ao canon da saga e propiciam um combate extremamente clichê.

Na direção certa

Revelations mostra que a Capcom não se esqueceu de como se faz o bom e velho Resident Evil. Com uma das tramas mais elaboradas e ricas de toda a saga, o game apresenta momentos de puro terror, muita ação, jogabilidade apurada e novidades extremamente bem vindas. O game pavimenta um ótimo caminho para o que está por vir.

~~É uma pena que o título seja exclusivo para o Nintendo 3DS~~. Não falamos isso como istas, pois o game cai como uma luva no console. Afirmamos isso por considerar Resident Evil: Revelations uma verdadeira pérola, que deveria ser jogada pelo maior número possível de fãs.