Em entrevista, S.D. Perry fala sobre os livros de Resident Evil

Em entrevista para o site Hell Descent, a escritora S.D. Perry falou um pouco sobre as novelizações da série Resident Evil. Ela comenta sobre as dificuldades de se escrever sobre uma franquia ainda em andamento, a pouca informação passada a ela pela Capcom, os motivos pelos quais os livros deixaram de ser publicados e os planos que possuía para as edições seguintes.

A entrevista é rica em conteúdo. Confira tradução abaixo:

• Hell Descent: Como você começou a escrever novelizações dos Resident Evil clássicos?

S.D. Perry: Foi trabalho de Marco Palmieri, meu editor da época, na Pocket. Ele viu o quanto os jogos eram populares e decidiu ver se conseguia os direitos de publicação. Ele conseguiu e me contratou para escrever os quatro primeiros livros. Eles foram bem sucedidos o bastante para que eu fizesse mais alguns.

• HD: Você recebeu alguma informação da Capcom antes de trabalhar nos livros?

S.D. Não muito… E havia uma barreira de linguagem. Eles mandaram um pouco da história da mansão no primeiro livro, só isso.

• HD: No final de Underworld, é sugerido que o time iria à Europa para um grande confronto. Isso seria uma novelização original que resolveria as questões finais com Sydney, Jackson e Trent, ou era uma indicação de algo que a Capcom nunca tornou realidade?

S.D. Honestamente, não me lembro. Fazem 15 anos desde que trabalhei em Resident Evil? Droga, estou velha. Desculpe! Acho que tive uma vaga ideia de outro livro original que se passaria na Europa. Os livros e os jogos eram totalmente separados… Eu nunca sabia se o que eu ia escrever iria contradizer o próximo jogo, então deixei muita coisa no ar.

• HD: Caliban Cove ou Underworld: qual dos trabalhos originais foi mais divertido de se escrever? Qual você acha que é o melhor?

S.D. Hmm. Lembro-me de gostar muito de Caliban Cove… Ele prevalece em minha memória cansada como o que tinha personagens mais desenvolvidos. Além disso, me lembro de ter gostado de ver um dos meus personagens comendo o rosto de outro.

• HD: Mr. X. Você achou que o nome que deu ao Tyrant pegaria tanto?

S.D. Pegou? Fui eu? Acho que encontrei isso em um dos guias…

• HD: Você planejava fazer mais com a corrupção nos S.T.A.R.S., ou com a própria organização?

S.D. Eu sempre fui mais interessada nos personagens do que nas organizações. Marco (meu editor) e eu tínhamos muitas ideias para os S.T.A.R.S., mas me lembro de nos preocuparmos com o que a Capcom planejava para o próximo game, então novamente, deixei as coisas bem abertas.

• HD: Você tinha planos para alguns dos personagens menores, como Brad Vickers antes dele ser morto por Nemesis?

S.D.: Eu tinha subtramas e ideias para praticamente todos os personagens dos livros, mas tinha prazos curtos… E os próprios jogos eram enormes, havia muito a ser encaixado, não tive tanto espaço quanto gostaria.

• HD: Por que você parou de novelizar a série? Você queria seguir em frente ou os direitos com a Capcom acabaram?

S.D.: Os direitos de publicação com a Simon and Schuster venceram e foram comprados por alguém. Há alguns anos recebi uma ligação de uma senhora de outra editora que havia comprado os direitos… Ela queria me contratar para escrever mais livros de Resident Evil, e eu estava planejando fazer isso, mas na última hora a Capcom decidiu concentrar seus direitos em outro lugar e o acordo morreu.

• HD: Qual sua opinião sobre o caminho que Resident Evil 4 e 5 tomaram?

S.D.: É vergonhoso admitir isso, mas não joguei mais RE desde que fiz os livros. Estava ocupada com coisas de Star Trek, tive filhos… Agora estou de volta à escola e sendo mãe. Não tenho muito tempo livre para video games.

• HD: Se pudesse, voltaria a novelizar a série?

S.D.: Claro. Aqueles livros foram ótimos de se escrever e eu gosto de zumbis. Então, sempre é bom ser paga para fazer algo que se ama.