SAC Responde: reboot, spin-off e remake

Os três termos que dão título a esse post são uma realidade constante no mundo de Resident Evil. Seja em conversas de fãs ou em entrevistas oficiais, muito se fala sobre novos direcionamentos para a série por meio de reboot ou spin-offs, ou então sobre a realização de um remake completo do queridinho de todos, RE2.

Para muita gente, tais conceitos são uma incógnita completa. E mesmo aqueles que acompanham a saga e o mundo dos games ou entretenimento têm dificuldade em definir exatamente o que algumas dessas palavras significam quando o assunto é Resident Evil. É justamente isso que este mini artigo tem a intenção de desmistificar.

Remake

Aqui, não existe muito segredo, já que a palavra significa exatamente o que indica sua tradução. Em inglês, remake significa refazer e é exatamente isso que foi feito pela Capcom em 2001, quando ela lançou uma nova versão do primeiro Resident Evil. Os gráficos foram repaginados e elementos foram adicionados, mas o coração do game é essencialmente o mesmo.

À via de regra, trata-se de uma nova produção de algo mais antigo, mas com poucas mudanças em relação à obra original. Pode servir para os mais diversos fins, como atualizar uma história para um público contemporâneo, criar momentos que não eram possíveis no passado ou adequar o enredo e estilo de acordo com a continuidade da franquia. Esse último foi o principal motivo para o lançamento de Resident Evil Remake, por exemplo.

Remakes são uma prática comum na indústria do cinema, principalmente. Como exemplos, dá para citar “King Kong”, de Peter Jackson e refilmagem do clássico de 1933 ou “Psicose”, dirigido em 1998 por Gus Van Sant de forma idêntica ao filme de Alfred Hitchcock. No mundo dos games, dá para citar Pokémon FireRed e LeafGreen, versões refeitas dos originais para Game Boy.

Ainda, é importante não confundir remakes com remasterizações. Enquanto o primeiro se trata de uma produção nova, dedicada a refazer completamente um game antigo, o segundo é apenas uma adaptação. Trocam-se texturas e componentes visuais, mas o jogo em si é o mesmo de sempre.

Reboot

O conceito é um pouco mais complexo. Apesar de, na superfície, apresentar uma ideia parecida com a de um remake, um reboot vai mais além. O termo poderia ser traduzido como “reinício” e define exatamente isso: um novo episódio de uma franquia já existente, mas ignorando as produções do passado e trazendo uma abordagem nova e totalmente diferente da anterior.

Foi isso que aconteceu, por exemplo, com o recente Tomb Raider, que ignora as aventuras passadas de Lara Croft para apresentar uma nova visão de personagem. Ou, no cinema, com a série Batman de Christopher Nolan, que deu ares realistas e menos caricatos ao Homem Morcego, distanciando-se completamente dos filmes anteriores.

O intuito, porém, pode ser semelhante ao de um remake: atualizar uma história para novas audiências ou criar enredos que não seriam possíveis no passado. Aqui, porém, um recomeço também pode servir para apagar episódios considerados como fracassos ou ressuscitar marcas que estavam no limbo. Como exemplos, dá para falar de “O Espetacular Homem-Aranha”, que substitui a saga estrelada por Tobey Maguire, ou “A Morte do Demônio”, reboot que também é sequência da ex-finada série “Uma Noite Alucinante”.

Spin-off

Definição

É aqui que as coisas realmente ficam difíceis, já que a definição padrão para spin-off é bem diferente da usada pela Capcom para definir alguns de seus jogos. E esse conceito parece ser nebuloso até mesmo para a própria empresa, que modifica seus discursos e varia a forma de divulgação a cada título lançado. Então vamos por partes.

Vamos à fonte mais básica, o dicionário inglês Merriam-Webster. De acordo com ele, spin-off é “algo que imitia ou é derivativo de um trabalho, produto ou estabelecimento original”. Não necessariamente algo paralelo, mas sim, que se aproveita de conceitos presentes na obra original para contar novas histórias ou dar um outro foco. Tudo sem nunca deixar de levar em conta ou fazer parte de sua franquia-mãe.

Então, que fique claro: o uso de spin-off para definir uma obra não necessariamente significa que ela deixa de ser canônica. Muitas vezes, principalmente na TV, os enredos são encarados de maneira paralela, com intersecções eventuais entra as histórias. É o caso, por exemplo, de “Private Practice”, que surgiu a partir de “Grey’s Anatomy”, “X-Men: Primeira Classe” ou “O Gato de Botas”.

Existem também os casos em que um spin-off pode ser usado como forma de dar continuidade a uma franquia. “Joey” tentou dar continuidade ao sucesso de “Friends” seguindo a história de um de seus protagonistas, enquanto “A Batalha de Riddick” levou adiante o personagem mais popular da ficção “Eclipse Mortal”.

Em Resident Evil

A falta de um padrão para o uso do termo spin-off por parte da Capcom também faz com que cada fã tenha uma ideia diferente do que isso significa. Em alguns momentos, a empresa se refere assim a jogos que não fazem parte da saga numerada, enquanto em outros, fala em spin-off para os jogos que não são da série principal, ou seja, aqueles que não se relacionam às tramas que tem Leon, Claire, Chris ou Jill como elementos centrais.

Eu, pessoalmente, prefiro a segunda maneira. Além dos numerados, games como Resident Evil: Revelations, RE CODE: Veronica ou a saga Chronicles não são spin-offs, e sim, fazem parte da saga principal. Já as séries Outbreak ou Survivor, por exemplo, podem ser consideradas assim. Mesmo com enredos que fazem parte da cronologia, os títulos trazem histórias destacadas e com pouquíssima relação com os eventos “originais”.

Foi justamente por isso que, no Resident Evil SAC, decidimos não utilizar esse tipo de nomenclatura. Em vez de entrar na polêmica e falar em spin-offs ou não, foi melhor utilizar uma organização que divide os games entre Principais e Secundários. Assim, todos que compõem a trama central de RE se encaixam na primeira categoria, enquanto histórias paralelas ficam na segunda.