Introdução
Resident Evil: Chronicles foi uma fanfic interativa, publicada em 2009 no antigo fórum F.Y.F.R.E. e escrita por diversos membros da comunidade. Com cada autor sendo responsável pelo ponto de vista de um personagem, a história era contada em turnos, com cada um levando a trama adiante de acordo com uma ordem decidida por sorteio, sob a organização de Jessica Pinheiro.
O enredo tenta se encaixar ao máximo no canon da franquia e se passa durante o incidente viral em Raccoon City. Recentemente, ganhou um capítulo inédito e uma nova personagem. Aqui, você confere trechos selecionados pela organizadora. Se quiser, pode acessar a versão completa de Resident Evil: Chronicles neste link.
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Karol
– O que aconteceu depois, Srta. Sands? – perguntou o médico.
– Eu não me lembro… – disse, com os olhos lacrimejados.
– Eu lhe contarei. – disse ele, apanhando uma pasta com papéis. Pegou um deles de dentro da pasta, e começou a ler em voz alta:
“Karol Sands chegou a sua casa aproximadamente às 10h da manhã. Segundo os vizinhos, ela não deixou a residência, até o momento em que foi levada pela polícia. O noivo da acusada chegou por volta das 21h na residência. Acredita-se que a acusada já esperava por ele na porta da sala da casa, devido às evidências coletadas pelos respingos de sangue. Quando Derick Hamilton entrou na sala, recebeu uma facada no lado direito do peito, que fez a mala cair no chão da sala, onde a mesma foi encontrada posteriormente. Após esse primeiro golpe, evidências indicam que ele recebeu um segundo golpe, na região do abdômen. Manchas de sangue na área indicam que ele caiu, com a acusada em cima de seu corpo. Foram então desferidas inúmeras facadas por toda a região torácica da vítima, culminando com um golpe que talhou sua garganta, quase decepando sua cabeça. Então, a acusada começou a decepar partes de seu corpo (…)”
– Isso que acaba de ouvir é parte do relatório policial. Acredite, Srta. Sands, você, e mais ninguém, assassinou seu noivo. – concluiu o médico, guardando o papel na pasta novamente.
– Mas eu pensei que era o maldito farmacêutico! – gritei.
– Entendo. Isso foi causado pela sua doença, Srta. Sands. Se você tivesse tomado seu remédio, creio que –
– Doutor!
Virei-me para a porta, para ver quem havia chamado. Era uma das enfermeiras.
– O que houve enfermeira? Por que nos interrompeu? – disse o médico.
– Temos que sair daqui agora!
Emily Marie
Corremos até o fim da rua, ao virarmos a esquina avistamos um rapaz. Aparentava ter dezoito anos, usava uma calça e jaqueta jeans e uma camiseta com a escrita ―Sidney Prescott Fanboy‖, uma daquelas coisas estava o atacando. Eu fiquei imóvel, novamente com meus medos infantis, eu olhava para o rapaz, de repente ele puxou um canivete e o cravou na testa da criatura que caiu inerte no chão molhado.
Eu olhava espantada, aquelas coisas estavam tomando conta da cidade? Devido a minha distração não percebi que o jovem se aproximava de mim e de Karol, apenas depois de ouvi-lo dizer algumas palavras com um tom sarcástico que eu percebi sua aproximação.
– Cara, isso está parecendo um filme de terror, mas infelizmente ainda não apareceram as belas garotas pedindo socorro… – Falou o garoto sarcasticamente.
Kedar
Jogada em um dos bancos estava uma mochila. Abri-a, na esperança de encontrar uma Esfera do Dragão, ou no mínimo uma máquina do tempo portátil, que me ajudasse a descobrir o que estava fazendo ali. Mas ao contrário do que imaginei, encontrei apenas uma calça jeans e uma jaqueta de couro. Vesti-me com aquela roupa, sem pensar em que o dono da mesma pensaria. Se ele havia largado tal objeto ali, era porque não necessitava, ao contrário de mim. Foi quando uma idéia acendeu minhas esperanças. Corri até o pequeno computador, localizado no centro do hall, onde habitualmente deveria estar Megan, a secretária que eu conhecia de modo bem peculiar.
Com movimentos rápidos e precisos consegui acessar a lista de pacientes internados. Sem alguma resistência acessei meu prontuário médico. Descobri que havia ficado em coma por 28 dias. 28 dias! É difícil imaginar uma pessoa deitada em uma cama, sem acordar por 28 dias. É muito tempo. E minhas aulas na faculdade? E meus amigos? Será que eles haviam me visitado? E meus avôs? Eu precisava encontrá-los imediatamente.
Samuel Kent
Repentinamente, ouvi o som das portas da boate abrindo-se com um estouro. Os vidros quebraram-se com o impacto de… De uma pessoa! Ela estava caída ao chão, mergulhada nos cacos da vidraça, tremendo…
– Mon Dieu! – exclamou Stacey. Estava óbvio que ela não era da França, conclui, mas com certeza tinha algumas noções de francês. – Você está bem, senhora…?
Stacey tocou o rosto da mulher caída ao chão, mas logo recuou, colocando as mãos diante da boca, em puro horror. Foi só então que eu notei que a mulher estava totalmente… Mordida. Marcas pelo rosto e pelo corpo, suas roupas tingidas em várias áreas pelo vermelho-sangue.
– Stacey, chame uma ambulância! – eu disse para a moça, que correu na direção do telefone atrás do balcão.
Acompanhei com meus olhos enquanto ela direcionava-se ao aparelho, mas repentinamente minha atenção foi focada para a mulher caída… Caída não, levantando-se. Ela ergueu seus braços, os olhos leitosos em minha direção. Uma baba nojenta saia dentre os lábios dela, rachados. Havia algo nos olhos dela, além daquela falta de vida. Havia fome…
– Detetive! – gritou Stacey. – O telefone está mudo! 27
Senti o toque frio de minha pistola M1911 acolhida no interior do bolso do meu sobretudo, e não hesitei em retirá-la…
Vanessa
Vanessa! – gritou de novo.
– Aí, o que é sua bicha?! – respondi impaciente.
– Mulher, vem ver uma coisa! Tem um homem devorando o outro ali no beco!! VEM!!!
– Devorando em que sentido? Hmnn… – levei os dedos à boca, e em seguida com a outra mão, levei o cigarro. Enquanto minha colega de trabalho não desembuchava logo o que queria, me acabei em uma doce e demorada tragada ao tabaco.
– Devorando no sentido de comer mesmo!!! Meu Deus!!! – só notei que ela já estava próxima quando ela me começou a me puxar pelo braço, me arrastando para a cena do crime
Matthew
Eu me afastei em direção a porta, ele começou a caminhar em minha direção, os seus braços agora estavam semi-erguidos. Eu estava aterrorizado, o que era aquilo? Era pra aquela coisa estar morta e enterrada, mas por algum motivo estava viva e querendo me pegar.
Ouvi um grito vir da rua. Olhei pelo vidro e meus temores se concretizaram… Ann estava caída e uma mulher completamente deformada estava mordendo o tórax dela. Eu chutei a porta com força e corri até Ann, agarrei aquela mulher pelas costas e a soltei longe de Ann. Quando olhei para Ann vi suas costelas à mostra, ela estava morta com um buraco enorme no tórax.
– Ann…
Stacey
Kent se dirigiu a mesa no centro da sala e chegou o pequeno notebook fechado sobre ele. Ele o abriu e começou a mexer no computador portátil, enquanto eu averigüei alguns documentos sobre a mesma mesa. Todos os documentos eram fichas e relatórios de quando Mack ainda trabalhava na Umbrella. Entre os diversos papeis espalhados, encontrei algo que me chamou atenção. Um arquivo confidencial datado de cinco anos atrás chamado ―Vazamento do T-Vírus em Centro de Pesquisa da Umbrella.
– Parece que Mackenzie sabe mais sobre Mapple do que eu. Ele é a pessoa chave para o que preciso descobrir.
– E eu suspeito que ele saiba ainda mais… – indaguei.
Kent continuou mexendo no notebook por mais algum tempo. Eu fiquei de costas para a porta da sala, enquanto mexia nos documento. Mas pude notar que, alguém se aproximava. Vagarosamente… Cambaleando…
Olhei para Kent. Este já havia percebido. Ele puxou rapidamente sua pistola, enquanto eu me virei. Achei que fosse o dono da casa, mas para minha surpresa, era uma mulher. Uma mulher de camisola, contendo uma aparência igual ou pior do que a mulher que invadiu a boate. Atrás dela, surgiram mais dois. Um homem e uma criança. Todos tinham a aparência repugnante.
Kathleen
Pulei o balcão e fiquei horrorizada com o que vi. Era um cadáver! A pele dele estava podre e havia uma poça de sangue no chão ao seu redor. Seu torso estava todo sujo de sangue…
– Kathleen, o que foi? – indagou Sam, dando a volta no balcão.
Ao ver o cadáver, Sam deu um grito tão fino ao meu lado que eu me impressionei por ainda estar com os meus ouvidos intactos.
– Eu não te disse! Eu não te disse, pelo amor de Deus?! – disse Sam, desesperada. – Vamos! Temos que vol—
…
De repente, o cadáver começou a se levantar, lentamente.
Anahi
Ele virou de costas e eu desci. O barulho do tiro ecoou em minha cabeça. Caímos em um túnel que deu direto na saída do prédio. Escalei a grade de proteção.
Droga, eu estava chorando pelas perdas. Não suportava aqueles dois, mas eles me respeitavam e agora estavam mortos! Ouvia gemidos, eles estavam perto. Um bando de zumbis andando pelo terreno. Mas eu não precisava enfrentá-los, eram lentos e com agilidade estávamos do lado de fora do prédio.
– Então, o que você vai fazer agora?
Mackenzie sorriu tomando fôlego e aproveitei para esconder minhas lágrimas.
– Vou procurar uma cidadezinha tranqüila onde eu possa viver em paz.
– Acho meio difícil… Mas te desejo sorte!
– E você?
– Relatarei o ocorrido…
– Tenha cuidado. Se seus companheiros a deixaram aqui para morrer, duvido que ajudem. A Umbrella é muito grande para simples pessoas como nós a derrubarmos de uma vez!
Ouvimos o barulho de sirenes, eles estavam vindo. Corri o máximo que pude e no meio de toda a confusão eu perdi Mackenzie de vista.
Na delegacia, ninguém comentara nada! Minhas tentativas de mostrar a verdade foram barradas! A polícia também fora comprada pela Umbrella. Por meus atos de “má conduta” insistindo em algo que “não acontecera” fui expulsa da corporação. Então, decidi tentar minha vida em uma cidadezinha tranqüila… Raccoon City…
Mackenzie
Comecei a subir as escadas do prédio, logo os zumbis conseguiriam arrombar a porta do hall, tinha que procurar um lugar seguro. Segui até o último andar do edifício, o corredor estava escuro… Enfiei a mão no bolso da calça e peguei meu isqueiro. Ainda ofegante, o acendi e prossegui lentamente pelo corredor. Podia- se ouvir alguns gemidos vindos do norte do lugar, mas não havia inimigos por perto.
Continuei caminhando e verificando as residências, todas as portas do corredor estavam trancadas, exceto uma, o #504. No mesmo instante em que encostei a mão na maçaneta, ouvi um estrondo vindo de dentro do apartamento.
– O que foi isso? – sussurrei comigo mesmo. – Seja o que for, pior que aquela multidão de zumbis abestados; e aqueles cachorros famintos não podem ser. – girei bruscamente a maçaneta e entrei. Lá dentro, permaneci imóvel diante do que vi; abismado com a situação.
Matt
– Gwaaahhh!!
Meus pensamentos foram interrompidos pelos gemidos no apartamento ao lado. Tinha que sair do lugar logo, a porta não iria agüentar muito tempo se eles aparecessem. Arrumei-me e juntei todos os objetos. Pensei em livrar-me da maleta, era muito pesada para carregar em uma cidade cheia de monstros, poderia atrapalhar em um momento difícil. Joguei a maleta na cama e peguei uma mochila Kipling empoeirada que estava no guarda-roupa. Limpei-a e coloquei os frascos e as injeções dentro. Olhei para o Notebook e desejei abandoná-lo, mas ainda precisava dele para acessar o disquete, assim que o achasse. Coloquei-o dentro da mochila também e fui embora.
Abri a porta dos fundos e desci a escadaria atento a qualquer sinal de alguma criatura ou da louca. A rua já não estava mais solitária. Passei correndo por uma horda de zumbis lentos e tentei fazer pouco barulho para não ser seguido. Indo em direção à loja de armas, atravessei a esquina e percebi que algo estava correndo em minha direção. Olhei para trás, e no momento algo enorme me derrubou no chão, caindo em cima de mim. Empurrei a coisa e apontei a arma.
Ah, tenho boas lembranças dessa fic.
O “neste link” não está funcionando, Jejé.
Link resolvido 😉
Obrigado a todos que avisaram
Otima fic. O clima ficou perfeito.
O detalhe da Pistola de Kent… quase chorei, me lembra muito RE: outbreak
Ótimas lembranças desta fic. Ainda assim a Chronicles III é minha favorita pela riqueza de detalhes :3