O Dreamcast e a primeira versão de Resident Evil CODE: Veronica

O Dreamcast e a primeira versão de Resident Evil CODE: Veronica

Não é incomum encontrar fãs que acreditam que Resident Evil CODE: Veronica foi um game lançado primeiro para PlayStation 2. Afinal de contas, foi nesse console que o game obteve sucesso – também por aparecer nele em sua versão definitiva – e foi por meio da segunda geração da Sony que a maioria dos brasileiros teve acesso ao título.

Quando chegou para o PlayStation 2, porém, CODE: Veronica já tinha um ano de idade e sua história já era conhecida entre os fãs mais antenados. Principalmente aqueles que já estavam na internet e iniciando as primeiras comunidades brasileiras. Para isso, existiam dois motivos: o game era o primeiro salto de Resident Evil para uma nova geração e trazia Albert Wesker de volta, e iniciaria o movimento que o tornaria o principal vilão da franquia.

Para fazer isso, a Capcom escolheu o primeiro console de 128 bits do mercado: o Dreamcast. Relativamente estabelecido no Japão mas sem um grande hit, o que fazia com que ele ainda perdesse em vendas para o PlayStation, o console ganharia o respeito e destaque necessários para despontar no mercado. Isso, na teoria.

A última cartada da SEGA

Lançado no Japão em novembro de 1998 e pouco menos de um ano depois nos EUA, o Dreamcast teve dois destaques principais. O primeiro, e já citado, era seu potencial gráfico. O aparelho foi o primeiro exemplar da sexta geração de consoles e apresentava gráficos muito mais definidos e bonitos que os da concorrência.

O Dreamcast e a primeira versão de Resident Evil CODE: Veronica

O segundo era seu controle. Apesar de contar com uma série de tradições, como alavancas analógicas e D-pads, o console trazia uma inovação que não seria tão bem utilizada. O memory card do Dreamcast (visto à direita do console na imagem acima) era acoplado ao joystick e funcionava também como uma segunda tela, exibindo informações adicionais sobre o game que estava sendo executado.

No caso de Resident Evil, o VMU, como era chamado, exibia o status de energia do personagem. Outros jogos contavam com funcionalidades parecidas e também incluíam minigames que poderiam ser jogados como em um console portátil. Era o caso de títulos como Sonic Adventure.

Passando por grandes problemas com a pirataria e sofrendo com as baixas vendas – apesar do grande foco da SEGA no lançamento de edições especiais e comemorativas – o Dreamcast não teve o desempenho esperado nas lojas de todo o mundo. Em março de 2001, a fabricante encerrou o suporte ao console, dando fim a um dos ciclos de vida mais curtos da indústria dos video games e enterrando de vez a produção de aparelhos pela empresa japonesa.

Resident Evil na nova geração

Resident Evil CODE: Veronica foi desenvolvido por uma parceria entre a Capcom e um pequeno estúdio chamado Nextech, uma subsidiária da própria SEGA. Apesar do Dreamcast já estar no mercado, a casa de RE ainda não havia desenvolvido um título inteiramente para o console. Sendo assim, a consultoria de uma produtora ligada diretamente à própria criadora do aparelho poderia ser fundamental para o sucesso do título.

Anunciado em outubro de 1998 e lançado apenas em fevereiro de 2000, Resident Evil CODE: Veronica mostrou que a série poderia ser ainda melhor com o poder de um console de última geração. Com gráficos e efeitos de iluminação impressionantes para a época e jogabilidade já conhecida dos fãs, o título acabou se tornando um dos mais vendidos da história do Dreamcast e está sempre presente em listas dos melhores jogos da franquia.

O Dreamcast e a primeira versão de Resident Evil CODE: Veronica

Com a liberdade dada pela Capcom à Nextech, vieram também algumas novidades. A linearidade do título foi reduzida com a inclusão de enigmas e eventos específicos, que alteravam os rumos da história. É o caso, por exemplo, do remédio que pode ser dado ou não a Rodrigo. Também são novidades a possibilidade de utilizar armas duplas e a modificação de ambientes já visitados pelo jogador por meio de eventos da própria história, como a explosão da Ilha Rockfort e a posterior passagem de Chris pelo local.

No total, a primeira versão de Resident Evil CODE: Veronica vendeu 1,14 milhão de unidades em todo o mundo. Esse sucesso (e a demanda por usuários já partidários do PlayStation 2, que acabaram ficando sem acesso ao título) motivou o relançamento do título, tanto para o novo console da Sony quanto para o próprio Dreamcast. É essa a versão que a maioria dos fãs conhecem.

A diferença que faz um X

O Dreamcast e a primeira versão de Resident Evil CODE: Veronica

No lançamento para Dreamcast, a versão estendida do título foi chamada de Resident Evil CODE: Veronica Complete, e chegou apenas ao Japão, em março de 2001. No PlayStation 2, a edição foi chamada de Resident Evil CODE: Veronica X, nome que ficou conhecido pela maioria dos fãs e adotado como definitivo pela Capcom.

A chegada dessa versão definitiva coincidiu com o aniversário de cinco anos da franquia e permitiu que a Capcom transformasse o lançamento em um evento. Junto com a chegada de uma grande edição especial que reunia todos os jogos lançado até aquele momento, a empresa criou o Wesker’s Report, documento que não apenas revelava como o vilão havia sobrevivido à morte mas aprofundava seu envolvimento no incidente da Mansão de Spencer e revelava sua participação também no desastre em Raccoon City.

A participação de Wesker no próprio game também foi ampliada. Além de um violento encontro com Claire, visto na imagem acima, e outro com Alexia Ashford, o ex-capitão dos S.T.A.R.S. também trocou socos com Chris Redfield, seu antigo subordinado. A cena faz parte do final estendido do título e, sem dúvida, é um dos momentos mais épicos de toda a franquia.

O Dreamcast e a primeira versão de Resident Evil CODE: VeronicaPequenas mudanças visuais também foram realizadas pela Capcom. De forma a diferenciar de forma mais clara os personagens Leon e Steve (se é que alguém realmente tinha essa dúvida), a empresa modificou o cabelo do adolescente, adicionando uma franja mais volumosa. Este também se tornaria o visual definitivo do personagem, e ele voltaria a aparecer assim em Resident Evil: The Darkside Chronicles.

As mudanças deram certo. Além de firmarem definitivamente Resident Evil CODE: Veronica no coração dos jogadores, a versão para PlayStation 2 do título se tornou o 34º game mais vendido da história da Capcom, acumulando 1,4 milhão de cópias comercializadas. A edição para o console da Sony também se tornaria a base para os futuros relançamentos do game.


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Autor: Felipe Demartini Ver todos os posts de
Felipe Demartini (Evil Shady) trabalha com sites de Resident Evil desde 2000. É jornalista e descobriu nos games a melhor combinação entre trabalho e diversão.

12 Comentários em "O Dreamcast e a primeira versão de Resident Evil CODE: Veronica"

  1. Roberta 06/09/2011 at 14:31 -

    Eu joguei! Tinha um Dreamcast e era o máximo! Em materia de console, sinto saudades imensas do Dream por isso que migrei pro PC… E esse jogo é realmente espetacular Terror Survivor de 1ª Qualidade… Se alguem ai tiver um Dreamcast pra vender…Eu compro!!!!

  2. 11thdimension 06/09/2011 at 20:49 -

    Mudando o assunto,
    alguem pode me dizer porque a Capcom,
    não faz um novo dlc para o versus mode do Resident Evil 5
    Com Rebecca,Barry,Josh,Excella,
    e talves as roupas altenativas de Chris e Sheva?

  3. 11thdimension 06/09/2011 at 21:04 -

    Sera que o povo la dentro da Capcom acha que se talves fizer um jogo muito foda,
    mais muito foda mesmo pode atrapalhar as vendas de futuro jogos?
    Sera que isso é uma tatica para fazer os fãs continuarem gostando da serie?
    hype etc?

    • youkofoxy 24/09/2011 at 02:55 -

      vou te explicar, a capcom e do tipo que evita a suas franquias entrarem em conflito e evita muito mais que um jogo acabe encobrindo o outro da mesma serie.

      sem fala que eles amam rumores.

      para ver um bom exemplo olhe Okami:
      quando eles fizeram a continuação Okamiden, não tinha outro grande hit da capcom para ser lançado ao mesmo tempo. esse Hiato foi para favorecer a franquia que apesar de ter apenas dois jogos tem um histórico de más vendas.

      ou seja nada de 6 até o sucesso dos outros jogos ou acabar a expectativas de vendas.

      melhor a capcom assim do que ser igual a EA games, se fosse a EA teriam dado um jeito de Okami vender (pois foi ótimo na critica, e a EA tem mania de modificar até ser aceito pela maioria) e ja teria lançado pelo menos 15 jogos da franquia Resident fora os extras.
      nota: mais as vezes quer dizer menos

  4. jtj005 07/09/2011 at 12:07 -

    Um dos melhores jogos da franquia…

  5. ReuRedfield 08/09/2011 at 01:15 -

    Só uma coisa Shady: “Em março de 2011, a fabricante encerrou o suporte ao console”

    Acho que quis dizer 2001, não?

    E tbm, se não me engano, foi em janeiro de 2001 que a Sega anunciou o encerramento do suporte. Em março, ela anunciou que de agora em diante faria apenas jogos pra outros consoles.

    Fora isso, excelente artigo!

    • -Evil Shady- 08/09/2011 at 20:05 -

      Valeu pela correção. Quanto aos meses, em janeiro a SEGA anunciou que o suporte ao Dreamcast ia até março de 2001.

  6. Squaare 13/09/2011 at 11:23 -

    CODE: Veronica é excelente. Ele foi um dos jogos da série RE que me ensinou a jogar os jogos restantes (de RE também). Sua escassez de munição e suas inúmeras voltas na ilha.

    Os gráficos são realmente bons para época e a trama é muito boa.

    E sim, eu realmente pensei que o jogo primeiro veio para para o Playstation 2. Falta de informação.

    Ótimo artigo.

  7. Giovani 23/09/2011 at 21:42 -

    nossa…foi o jogo da série q eu mais me ferrei ahsuhaus, pelo simples fato de q na hora de matar o tyrant no avião eu ñ deixava munição suficiente, e ainda por cima eu salvava uma por cima da outra, fazendo assim eu voltar ao jogo TD DE NOVO e economizar munição até a hora do tyrant de novo haushuahsuas, detalhe, eu jogo ele no meu play 2 *–* e fiz isso de iniciar umas 2 ou 3 vezes =/ … COMO EU SOFRI HUAHSUAHSUA, mas enfim, adorei o artigo, assim como os outros *–*

  8. Fábio Guedes 25/11/2011 at 15:51 -

    Resident Evil Code Veronica foi o carro-chefe do Dreamcast por muito tempo. Primeiro jogo da franquia que usou ambientes 3d em tempo real. Mas compará-lo com a versão para Playstation 2 é um crime. As texturas do jogo no console da SEGA eram bem melhores, com um aspecto clean que faltou à versão da Sony – um tanto “granulada”.

    Inegavelmente se trata de um grande jogo. Além de belíssimos gráficos, Code Veronica trazia pequenas inovações na jogabilidade que marcaram época, como a possibilidade de virar o personagem em 180º, algo que facilitou e MUITO a vida dos jogadores, e que, ao contrário do que alguns pensam, tal opção não nasceu em RE3.

  9. lucaszx 21/09/2012 at 16:14 -

    melhor jogo da franquia…

  10. felipanico 24/10/2012 at 10:54 -

    Eu não entendo porque o Code : Veronica não foi um RE numerado, seria porque ele foi uma espécie de laboratório na nova geração da época ? E mesmo com as boas vendas eles decidiram mudar o rumo da franquia